O objetivo é fortalecer o bloco comercial e ampliar o vínculo entre os países da região
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta terça-feira (3) com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, e discutiram sobre a criação de uma moeda comum para o Mercosul.
O objetivo, de acordo com Scioli, é fortalecer o bloco comercial e ampliar o vínculo entre os países da região. Para ele, a ideia não é criar uma moeda única como o euro — moeda oficial dos países-membros da União Europeia — mas sim uma para o bloco.
“Sobre a moeda comum, nós trabalharemos. Não significa que cada país não tem sua moeda, significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial em todo este bloco regional. E, como disse o presidente Lula, fortalecer o Mercosul, ampliar a união latino-americana, é muito importante”, disse Scioli.
Conforme destacou o argentino, os principais temas tratados com Haddad foram a integração energética e financeira entre Brasil e Argentina e o avanço comercial entre os dois países.
“Brasil é o parceiro número um da Argentina. E, em um contexto de crise da globalização, vamos fortalecer nossa região e nossa complementação. Haddad é um economista que tem uma visão muito produtivista, a visão da economia real, um compromisso muito real também com o grande objetivo da moeda comum que será também um impacto positivo”, declarou o embaixador.
Viabilidade
Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, já defenderam a implementação de uma “moeda única” para os países latino-americanos, porém esbarra em uma realidade ainda distante da ideal para sua implementação, segundo especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business.
Na prática, os países abririam mão do real, peso ou bolívar, e adotariam uma mesma moeda oficial como meio de pagamento para transações comerciais dentro e fora de suas fronteiras.
Para o economista da Eleven Financial Thomaz Sarquis, não existe sentido em criar uma política monetária única nem para o Mercosul e nem para a América Latina.
“O grande problema é a falta de autonomia monetária.
Quando o Banco Central Europeu sobe os juros, por exemplo, a alta vale para toda a moeda euro. No nosso caso, em uma política como esta, o Brasil estaria dependente da situação fiscal da Argentina para definir o aumento dos juros, visto que o risco seria percebido como sendo do bloco.”
Para ele, a diferença entre as economias é essencial. “Ainda que nossa política fiscal não seja um exemplo para os demais países, temos uma moeda mais estável do que a da Argentina.”
Para o PhD em economia pela Cornell University Marcelo Kfoury, além da disparidade entre os países da América Latina, o bloco econômico do Mercosul ainda não evoluiu como ocorreu com a União Europeia, que alcançou uma integridade e proximidade econômica entre os participantes do bloco.
Fonte: CNN BRasil
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