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Guiana Francesa é uma das regiões mais resistentes à vacina contra a Covid


A Guiana Francesa, território da França que faz fronteira com o Brasil, é uma das regiões com um dos mais baixos índices de vacinação do país. Entre o ceticismo da população em relação à classe política e crenças em possíveis soluções vindas de ervas e plantas, a luta contra a pandemia de Covid-19 é vivida em outro ritmo.


A Guiana Francesa faz parte dos territórios ultramarinos que, como seus vizinhos das Antilhas mais ao norte (Guadalupe e Martinica), se destaca como uma região onde a vacinação contra a Covid-19 tem dificuldades de emplacar.


Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (15) pela antena local da Agência Regional de Saúde (ARS na sigla em francês), 38% da população acima de 12 anos está totalmente vacinada, contra 88% na França metropolitana. A proporção assusta as autoridades, principalmente diante do risco da entrada de novas variantes, mais contagiosas, em uma zona conhecida pela intensa circulação de pessoas vindas dos quatro cantos do planeta e de fronteiras com o Brasil e o Suriname, difíceis de controlar por causa da Floresta Amazônica.


Como na França metropolitana, a vacinação não é obrigatória nesse território. Mas o passaporte sanitário, documento que prova que seu portador foi vacinado ou fez um teste com resultado negativo recentemente, também é exigido na Guiana Francesa para ter acesso a bares, restaurantes e atividades esportivas e culturais. E muitos veem esse dispositivo como um ataque às liberdades individuais.


Mas a resistência à vacina na Guiana Francesa é bem mais silenciosa do que sugerem as passeatas pelas ruas de Caiena e ou outras cidades do território. Ela é presente em uma parte da população que não protesta, mas prefere simplesmente continuar levando uma vida “normal”, sem se vacinar.


Mas o argumento mais surpreendente vem daqueles que afirmam que resistem à vacina pois acreditam já estar imunizados graças a remédios caseiros feitos à base de plantas. Eles fazem parte da tradição local, como mostra a variedade de produtos do gênero vendidos em algumas feiras de Caiena.


Esses medicamentos alternativos, que podem ser fabricados com quassia amara, planta conhecida como couachi ou quinina de Caiena, ou outras misturas de ervas e folhas chamadas de remédio criolo, ainda povoam o discurso popular, apesar da falta de qualquer prova científica de sua eficácia.


“Talvez seja possível curar graças ao remédio criolo, mas não vai ser do dia para noite”, argumenta o taxista Jean Marc. “Se você não estiver habituado a tomar alguns medicamentos para limpar o seu corpo e tomar o remédio criolo agora, não fará nenhum efeito no seu organismo”, teoriza.


Questionado sobre esses tratamentos alternativos, o diretor geral do Instituto Pasteur de Caiena, Christophe Peyrefitte, prefere adotar um tom conciliador, sem combater diretamente as crenças populares e os costumes locais.


“Quando falamos de remédio criolo, podemos pensar também em qualquer tipo de chá de ervas. Ao mesmo tempo sabemos que as vacinas têm um efeito objetivo e as pessoas devem continuar se vacinando. Mas se essas pessoas quiserem tomar um chá pois elas se sentem melhor, que assim seja. Só que é importante ter em mente que para um grande número de patologias, nós temos um arsenal científico e médico que é proposto e que terá um impacto real. E sabemos, concretamente, que em uma população vacinada teremos uma proteção entre 90% e 98%”.



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