Para demonstrar o seu mal-estar, centenas de docentes, apoiados por organizações sindicais, partidos políticos e movimentos sociais, mobilizaram-se em San Juan, contra a política de privatização da educação pública
Manifestação contra a privatização da educação pública em San Juan, Porto Rico
Imagem: Federación de Maestros de Puerto Rico
Tendo em conta as ameaças à educação pública, a Federação de Professores em Porto Rico (FMPR) uniu esforços com outras organizações para denunciar o desvio de dinheiro público para bolsos privados.
A presidente da FMPR, Mercedes Martínez, disse à agência Prensa Latina que defende uma verdadeira reforma educativa, que acabe com a Lei 85-2018, posta em vigor durante a administração do governador (derrubado) Ricardo Rosselló Nevares.
Martínez recordou que essa falsa reforma, promovida pelo senador Abel Nazario juntamente com a secretária da Educação, Julia Keleher, ambos condenados por corrupção, permite desviar dinheiro público para criar as chamadas «escolas charter».
Para demonstrar o seu mal-estar, centenas de docentes, apoiados por organizações sindicais, partidos políticos e movimentos sociais, mobilizaram-se no domingo e na quinta-feira, em San Juan, contra a política de privatização da educação pública na ilha caribenha.
Alfonso Ortiz Menchaca, representante de El Otro Puerto Rico, criticou o facto de se estar a transformar a educação pública num negócio, também por via de isenções fiscais a investidores estrangeiros, e mostrou-se preocupado com o fato de, à luz das alterações propostas pelo Departamento da Educação, esses investidores terem a possibilidade de decidir como se educa as crianças porto-riquenhas.
Travar a privatização da escola pública
Insistindo no alerta para "o desvio de fundos públicos para uso privado", a Coligação Multi-sectorial de Organizações, que integra a FMPR, a Jornada Se Acabaron las Promesas, El Otro Puerto Rico, entre outras, deu uma conferência de imprensa, na terça-feira, na capital porto-riquenha.
Ali, denunciaram que as empresas Paradiso College Preparatory e LEAP Social Enterprise fazem parte de um conglomerado de 14 empresas que pretendem comprar propriedades na ilha caribenha para fazer expandir o modelo de "escolas charter", privatizando o sistema público de ensino.
Segundo afirmaram, trata-se de fundos-abutre, que têm como objetivo lucrar com a "transferência das verbas públicas para bolsos privados", "às custas dos nossos impostos", acrescentando que lhes "é permitido não prestar informações sobre as operações que realizam e oprimir os direitos dos docentes", refere o periódico Claridad.
Na ocasião, sublinharam que "não vão deixar" que isto aconteça e, para vincar o alerta, lembraram o que se passou com a privatização do sistema de energia elétrica ou o de saúde do país, com os médicos a terem de emigrar. "Não o vamos permitir na educação", insistiram.
Informações da AbrilAbril.
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