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Argentina: candidatos peronistas apresentam ampla vantagem nas eleições provinciais

População argentina vai às urnas para eleger governadores provinciais e indica uma tendência contrária à nacional;


Foto: Alejandro Pagni/AFP

Os últimos dados da variação mensal da inflação na Argentina revelam um aumento nos preços de 8,4% em abril em relação a março. O contexto é adverso em ano eleitoral para a coalizão governista, a peronista Frente de Todos (FdT). Sergio Massa, terceiro Ministro da Economia do governo de Alberto Fernández, tem buscado um improvável equilíbrio entre conter a degradação social e atender as exigências do Fundo Monetário Internacional com o país endividado.


No entanto, as eleições provinciais revelam outro cenário para o peronismo. O grupo político tem conquistado a reeleição em todas as províncias (o equivalente a estados, no Brasil) em que governa.


A performance do peronismo nas eleições provinciais


Os pleitos locais começaram em fevereiro, inaugurando o calendário eleitoral deste ano. As eleições escolhem os novos governadores de suas províncias, além de outros cargos como prefeitos, vereadores, deputados e senadores. Das 24 jurisdições, 21 renovam governadores, e, até agora, nove já tiveram eleições.


As mais recentes foram no último domingo (14), em três províncias que renovaram mandatos peronistas. Foram Salta, com a reeleição de Gustavo Sáenz, com 47% dos votos; Tierra del Fuego, com a reeleição de Gustavo Melella (52%); e La Pampa, com a reeleição de Sergio Ziliotto (47%).


Outras duas províncias, Tucumán e San Juan, teriam eleição também neste domingo, mas tiveram o pleito suspenso por uma medida cautelar emitida pela Suprema Corte de Justiça. Em ambas, o peronismo também era favorito.


No início de maio, Jujuy, La Rioja e Misiones foram às urnas. O peronismo se reelegeu em La Rioja: Ricardo Quintela recebeu 50,6% dos votos. Em Misiones, a força local Frente Renovadora da Concórdia, aliada da FdT, teve uma vitória avassaladora: Hugo Passalacqua foi eleito com 64% dos votos.


Ao lado de partidos locais, as principais forças políticas da Argentina em nível nacional tiveram melhor desempenho também nas províncias: o peronismo e a direita macrista representada pela coalizão Juntos por el Cambio (JxC). Esta última venceu apenas em Jujuy, província que já governava: Carlos Sadir venceu com 49% dos votos, e o FdT ficou em segundo lugar, com 22%.


Em Neuquén e Río Negro, predominaram as forças locais. Em Río Negro, a coalizão de direita Juntos Somos Río Negro venceu com Alberto Weretilneck, que recebeu 41% dos votos – algo que o Juntos por el Cambio nacional, em um panorama desfavorável, incorporou como vitória própria. E, em Neuquén, venceu Rolando Figueroa (35%), dissidente do tradicional Movimiento Popular Neuquino (MPN), que governava a província há mais de 60 anos.


O cientista político e codiretor do Centro de Investigação para a Qualidade Democrática (Cicad) Facundo Cruz destaca que a eleição de Neuquén foi a que se diferenciou na tendência de reeleição entre os pleitos até agora.


"É o único caso de vitória sem tanto apoio, e em que a força governista perdeu; no caso, o MPN", afirma Cruz. "Mas também não perde para uma força totalmente nova, se não, para uma força transversal, construída por alguém que saiu do MPN, o que constitui apenas uma meia derrota", destaca o cientista político. A coalizão de Figueroa também teve a particularidade de unir uma parte do peronismo, do macrismo e forças municipais.


Tradicionalmente, a Argentina tem alta participação eleitoral, e um marco destas eleições provinciais tem sido, além das reeleições, a alta aprovação das forças governistas. "Com exceção de Neuquén, as gestões demonstraram ter boa imagem, e ganharam entre 40 e 50% dos votos", ressalta Cruz.


Assim como na eleição presidencial, os governadores eleitos assumirão seus mandatos no dia 10 de dezembro.


Termômetro para a eleição presidencial


Ainda que não sejam necessariamente um reflexo do que acontecerá na eleição nacional, alguns fatores sobre os resultados das eleições provinciais são notáveis e servem como termômetro sobre a incidência das forças políticas nos territórios.


O primeiro deles é o bom desempenho da Frente de Todos, em contraste com a alta rejeição ao governo nacional, algo destacado pelo cientista político e consultor Augusto Reina.


"É uma eleição particular, porque as provinciais se adiantaram muito às nacionais", pontua, explicando que, na Argentina, os governadores podem desacoplar as eleições locais das nacionais. "Se decidem desacoplar, normalmente é um indicador de que a eleição nacional não goza de boa saúde; desacoplam para desassociar sua eleição da nacional", explica.


É o que acontece, neste caso, com o governo da FdT. "Todos os estudos de opinião pública mostram que o governo de Alberto Fernández tem o nível de aprovação mais baixo de seus últimos 4 anos, abaixo de 20%", afirma Reina.


O segundo ponto é a vitória das forças governistas, contra a tendência nacional do eleitorado a adotar uma postura anti-política, fruto de um claro cansaço pela política tradicional – o que se traduz na ascenção do ultra-direitista Javier Milei, da coalizão La Libertad Avanza.


Com informações do Brasil de Fato

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