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DJ Fatah: do Hip Hop ao Reggaeton, a trajetória de um dos nomes mais influentes da cena latina no Brasil

Atualizado: 4 de jun.

Servidor público de dia, DJ de noite, Fatah comanda pistas por todo o país e é um dos pilares da festa Súbete! — maior evento de reggaeton do Brasil. Conheça sua história e leia a entrevista completa


Instagram Dj Fatah
Instagram Dj Fatah

O paulistano Felipe Teixeira (42), mais conhecido como DJ Fatah, tem uma trajetória marcada pela fusão entre culturas, ritmos urbanos e resistência artística. Morador de São Paulo, com passagens pela Venezuela e pelo Rio de Janeiro, Fatah descobriu sua paixão pela música ainda criança, ouvindo os vinis do pai e acompanhando o irmão mais velho nas pistas. A semente foi plantada no Hip Hop, mas floresceu com o reggaeton, gênero que hoje domina sua trajetória.


A experiência de viver em Caracas aos 12 anos abriu seus ouvidos para a Salsa e o Merengue. Quando voltou à cidade em 2011, encontrou um novo som dominando as ruas: o reggaeton. Foi ali que começou a mergulhar com mais interesse no ritmo que, anos depois, transformaria sua carreira. A partir de 2016, ele passou a estudar o gênero mais a fundo — e nunca mais parou.


Instagram Dj Fatah
Instagram Dj Fatah

O nome artístico Fatah veio ainda na faculdade, como uma homenagem à luta palestina. E foi com essa energia de resistência que ele moldou sua identidade musical: diversa, urbana, dançante e, sobretudo, consciente.


Embora ainda concilie a música com um cargo na Prefeitura de São Paulo, ele afirma sem pestanejar: "Minha atividade principal é ser DJ e o trabalho na Prefeitura é um hobby."


Hoje, DJ Fatah é residente da festa Súbete!, a maior do país dedicada ao reggaeton e seus derivados. A parceria começou de forma despretensiosa: Fatah conheceu o criador da festa, Rafael Telefone, na primeira edição do evento, em 2019. Os dois se tornaram amigos e começaram a tocar juntos em outras festas — até que a pandemia os uniu ainda mais, em lives mensais da Súbete realizadas via Zoom. Com o retorno dos eventos presenciais, Fatah foi oficializado como residente.


Dj Papi Telefone e Dj Fatah - Instagram Dj Fatah
Dj Papi Telefone e Dj Fatah - Instagram Dj Fatah

"Tenho muito orgulho de ver o que a Súbete se tornou. Minha carreira mudou de patamar em conjunto com o crescimento da festa, então devo muito ao Telefone por isso", afirma.


Além das pistas, ele se destaca nas redes sociais e no ativismo cultural. Durante o Carnaval, por exemplo, comandou o trio da Súbete pelas ruas de São Paulo, em um momento que considera um divisor de águas na sua carreira: "Quando o bloco virou na avenida e eu olhei pra trás, vi um mar de gente na rua dançando. Foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida."


Bloco da Súbete arrasta multidão no carnaval de São Paulo - Reprodução Súbete
Bloco da Súbete arrasta multidão no carnaval de São Paulo - Reprodução Súbete

Para Fatah, a consolidação do reggaeton no Brasil ainda enfrenta desafios — principalmente a falta de investimento de gravadoras e artistas. Mesmo assim, ele enxerga avanços concretos: "O que estamos vendo hoje é só o começo de um movimento crescente de integração cultural latino-americana que ainda vai gerar muita coisa bonita."


Fatah também é apaixonado por outros gêneros urbanos e latinos — como Hip Hop, R&B, Dancehall e ritmos brasileiros como o funk e o pagode — e planeja lançar novos sets no YouTube mostrando essa diversidade.


Na entrevista abaixo, você confere, na íntegra, as respostas que ele deu à Rádio Latina Hits, revelando sua visão sobre música, identidade, carreira e futuro.


ENTREVISTA: DJ FATAH


As perguntas foram feitas pela Rádio Latina Hits e respondidas por Fatah. Abaixo, a transcrição completa:


1. Fatah, pra começar: de onde você é? Onde nasceu e onde passou a maior parte da sua vida?

Eu tive a sorte de nascer na cidade de São Paulo e morei aqui na maior parte da minha vida. Com cerca de 12 anos, fui morar em Caracas, na Venezuela, junto com minha mãe. Fiquei lá por 2 anos. Também já morei 4 anos no Rio de Janeiro e mais 6 meses em Caracas, em 2011. Mas minha base, onde eu sempre voltei, é São Paulo.


2. Como surgiu sua paixão pela música e, mais especificamente, pelo reggaeton?

Meu pai tinha uma coleção de vinis que ele sempre escutava, mas minhas primeiras grandes influências musicais foram meus irmãos mais velhos. Um deles fazia parte de um grupo de Street Dance que virou uma banda de black music — e depois, ele virou DJ. Foi por influência dele que eu conheci o Hip Hop e mergulhei na cultura. A experiência morando na Venezuela me apresentou a música latina, especialmente a salsa e o merengue. Quando voltei à Venezuela em 2011, o reggaeton já dominava as ruas, então comecei a curtir. Mas foi entre 2016 e 2017 que mergulhei de vez, pesquisando mais a fundo.


3. Como e quando você decidiu se tornar DJ? Foi autodidata ou estudou?

Comecei na adolescência, acompanhando meu irmão nas festas. Fiquei amigo dos DJs amigos dele — como o Eugênio Lima, a Érica Li e o Will Robson. Observava tudo das cabines. Aos poucos, meu irmão me deixava tocar no começo das festas, quando a pista ainda estava vazia. Comprei um par de toca-discos e uma coleção de vinis pra praticar. Durante muito tempo foi só hobby, até que em 2012 comecei a tocar nas festas de amigos, e em 2017 decidi levar a sério e me profissionalizar.


4. Você vive exclusivamente da música ou concilia com outra profissão?

Eu sou servidor público na Prefeitura de São Paulo, então levo uma jornada dupla. Trabalho no horário comercial, mas me dedico à música no resto do tempo. Brinco que o cargo público é meu hobby — minha profissão mesmo é ser DJ.


5. Como surgiu sua parceria com a festa Súbete?

Fui na primeira edição da Súbete em 2019 e conheci o Rafael Telefone. Gostei muito da festa e comecei a frequentar sempre. Eu já tinha uma festa chamada Tocaia com a Dani Nega, que misturava hip hop, reggaeton, funk e dancehall. Convidei o Telefone pra tocar na Tocaia e depois ele me chamou pra tocar na Súbete. Veio a pandemia, e ele manteve a festa no Zoom. Passei a tocar com ele nas edições virtuais, e quando tudo voltou, ele me convidou para ser DJ residente. Isso mudou minha carreira. A Súbete é um espaço de acolhimento e comunidade — tenho muito orgulho de fazer parte.


6. Como foi comandar o trio da Súbete no Carnaval?

Sem dúvida foi um marco! Fui o primeiro DJ do bloco e, no início, estava tocando para um grupo pequeno. Mas quando o trio virou na avenida, olhei pra trás e vi um mar de gente! Foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida como DJ. Acho que marcou a cena de reggaeton no Brasil — e até na América Latina.


7. Você toca só reggaeton ou outros ritmos também? Como define sua identidade musical?

Comecei no hip hop, então me considero um DJ de música urbana. Hoje o reggaeton é o principal por causa da Súbete, mas também toco hip hop/R&B, salsa, funk/soul, dancehall, e ritmos urbanos brasileiros como funk carioca, brega funk, pagodão, tecno brega. Estou gravando sets com esses estilos pro YouTube, pra mostrar essa diversidade.


8. O que falta para o reggaeton se consolidar no Brasil como em outros países?

Falta investimento das gravadoras e dos próprios artistas latinos para que o Brasil seja considerado parte estratégica do mercado latino. Mas estamos avançando, e uma verdadeira cena de reggaeton está sendo construída no Brasil.


9. Qual foi o set mais inesquecível da sua carreira?

Com certeza o bloco da Súbete no Carnaval. Ali eu tive a dimensão de que estávamos fazendo história. Mas também destaco um set que fiz com a Súbete no “Somos de Calle”, na Comuna 13, em 2024. Um ambiente desafiador, onde precisei adaptar meu set ao público. Deu tudo certo, e a vibe foi sensacional.


10. Como é sua relação com o público nas redes sociais?

As redes têm muitos problemas, mas também criam oportunidades de conexão. Tento usá-las de forma saudável, com conteúdos positivos e relevantes. Recebo muito carinho por lá. A Súbete ajudou a criar uma comunidade de verdade — ganhei muitos amigos de vida.


11. Que artistas ou momentos da história do reggaeton te inspiram?

A história do reggaeton é inspiradora — nasceu nas margens, misturando reggae en español, rap e dancehall, e virou uma expressão de orgulho e identidade. Um momento marcante foi quando o perreo foi usado como forma de protesto para derrubar o governador de Porto Rico em 2019, com Bad Bunny, Residente e Ricky Martin à frente. Isso mostra que o reggaeton não é alienado, é resistência.


12. Por que escolheu o nome artístico Fatah?

Fatah era meu apelido na Faculdade, sou da primeira turma de Relações Internacionais da USP. O apelido veio da minha identificação com a luta palestina, então mantive como nome artístico.


13. Quem quiser te contratar, como faz?

Pode me chamar no Instagram: @djfatah. O link na bio tem meu e-mail e material de apresentação.


14. Que mensagem você deixaria para os ouvintes da Rádio Latina Hits?

O Brasil é latino! E estamos vendo o início de um movimento de integração cultural que ainda vai render muita coisa linda. Sigamos juntos!



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A Latina Hits é uma rádio que transmite o melhor da música latina para o público brasileiro, durante 24h por dia, sete dias por semana.

© Rádio Latina Hits do Brasil
Brasília/DF

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